quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tem Fumaça no Ar


Não dá para acreditar que em pleno século 21, depois de a ciência médica dar atestado de assassino para o fumo, ainda haja quem defenda o seu uso. Mas isso acontece. Recentemente, depois de publicar uma extensa matéria sobre os prejuízos do hábito de fumar, o jornal Folha de S. Paulo recebeu a seguinte carta de um leitor: “È decepcionante um jornal da importância da Folha dedicar tanto espaço para falar do fumo de cigarros. Fumar não degrada, não arruína ninguém... Há fumantes perfeitamente saudáveis aqui e no mundo afora... Fumo dois maços por dia a 44 anos e, aos 59 anos, tenho saúde perfeita. Minha mulher fumou na gravidez dos nossos filhos, que nasceram perfeitos, não adoecem e não são obesos. E hoje fumam”.

O autor da carta provavelmente desconhece que o cigarro atua lentamente e que o fato de ele ter fumado por 44 anos e até agora não ter apresentado qualquer problema de saúde relacionado ao cigarro, não significa que nunca o terá. Ele tem todo o direito de reclamar da propaganda antitabágica, assim como tem direito de fumar, junto com a querida esposa e os queridos filhos, mas não deveria fazer apologia de um hábito que é comprovadamente nocivo para quem o pratica e para quem está por perto. Essa é uma questão complexa porque envolve a liberdade de quem fuma e a saúde de quem não fuma. Por outro lado, o ar é um direito de todos.

Uma empresa de tabaco americano fez uma propaganda muito realista de seus cigarros. Não me lembro textualmente das palavras, mas o sentido é mais ou menos o seguinte: “Cigarro mata, todo mundo sabe disso. Tenha câncer, enfisema, morra do coração, etc., mas faça isso usando a nossa marca”. Atualmente todos sabem que o fumo é uma droga perigosa. E para ajudar, as carteiras de cigarro trazem estampadas as marcas do veneno com fotografias chocantes e mensagens esclarecedoras. O objetivo é prevenir o uso, especialmente entre os adolescentes e jovens, na maioria das vezes enganadas pela propaganda. Entretanto, apesar de o número de fumantes haver decrescido, e o ato de fumar haver se tornado politicamente incorreto, foi necessário, por força da lei, livrar os não fumantes, agora muito mais esclarecidos sobre os malefícios do fumo, das consequências de fumar sem querer.

O fumante tem, sim, liberdade de fumar quando quiser, porém, não onde quiser, pois não tem o direito de poluir o ar ambiental com os produtos tóxicos do fumo. Tendo o fumante essa consciência, pode continuar engolindo os venenos de seus cigarros livremente. Tranque-se num fumódromo ou vá para um lugar deserto e fume sem parar. Assim, todos terão alcançado o equilíbrio entre a liberdade individual e o interesse coletivo.
Na fé!

Um comentário:

  1. "Fumaça arisca... pó hilariante que engana e mata... salve seus pulmões... salve sua alma. Alimentar seu interior." Já cantava Katsbarneia.

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